Quando falamos da Síndrome de Tourette, não é muito diferente. Trata-se também com medicamentos e terapias. Em ambos os casos, após os primeiros passos, é possível combinar técnicas de relaxamento, como meditação, que reduzem a ansiedade.
A Síndrome de Tourette, também conhecida por doença de Gilles de la Tourette, é um transtorno caracterizado por diversos tiques motores e pelo menos um tique vocal. Estes tiques se manifestam desde a infância e têm remissões e recidivas periódicas, podendo ser suprimidos temporariamente.
Anteriormente, a Síndrome de Tourette era considerada rara e bizarra porque se exigia dela que fosse associada à vocalização de termos obscenos (coprolalia) ou afirmações e impulsos depreciativos, socialmente impróprios; mas, na verdade, este sintomas e manifesta apenas numa pequena minoria de pessoas com a doença. Atualmente, a Síndrome de Tourette já não é considerada tão rara, embora nem sempre seja corretamente identificada, uma vez que a maior parte dos casos é moderada e a gravidade dos tiques diminui à medida que a pessoa atravessa a adolescência e vai se tornando adulta.
A denominação de Síndrome de Tourette foi dada por Charcot em homenagem ao médico francês Gilles de la Tourette que publicou em 1885 um relato de nove casos da doença, embora a condição já fosse conhecida.
Quais são as causas da Síndrome e Tourette?
Fatores genéticos e ambientais desempenham um papel na causa desta síndrome, embora se desconheçam as causas precisas da doença.
Quais são as principais características clínicas da Síndrome de Tourette?
Os tiques ocorrem com maior frequência nas crianças em idade escolar e os mais comuns são piscar os olhos, tossir, limpar a garganta, fungar e fazer determinados movimentos faciais, os quais, eventualmente, se tornam crônicos. Porém, no decorrer da vida adulta, frequentemente, os sintomas vão aos poucos se amenizando e diminuindo.
A Síndrome de Tourette não afeta a inteligência ou a expectativa de vida. Os tiques podem se manifestar em qualquer parte do corpo (barriga, nádegas, pernas, braços, etc.), mas são mais frequentes no rosto e na cabeça.
Os comportamentos obsessivos compulsivos que podem se associar à Síndrome de Tourette ocorrem em cerca de 50% dos casos. Outros sofrimentos psíquicos que têm se mostrado abundantes são os distúrbios do sono, a ansiedade e a depressão. Outros aspectos comportamentais são comportamentos opositivos, agressivos, regressivos, impulsivos; incapacidade de autorregulação, autocrítica e adaptação; intolerância à tensão; incapacidade de controle e liberação dos impulsos e instintos primitivos.
Os sintomas da Síndrome de Tourette ocorrem involuntariamente.
Raramente uma pessoa que sofre dessa condição consegue controlar seus tiques e jamais por períodos prolongados de tempo. Alguns tiques fônicos involuntários presentes na síndrome podem ser rotulados como "gagueira". A reação de muitas pessoas à síndrome é de reprovação, especialmente, quando a pessoa é afetada com gagueira e coprolalia.
Como o médico diagnostica a Síndrome de Tourette?
[Dica de Filme] “Primeiro da Classe” – Falando sobre a Síndrome de Tourette
O diagnóstico da Síndrome de Tourette é eminentemente clínico. Os critérios estabelecidos pelo DSM-IV-TR são:
Múltiplos tiques motores e um ou mais tiques vocais.
Os tiques ocorrem muitas vezes ao dia, quase todos os dias, ou intermitentemente durante um período de mais de um ano.
A perturbação causa acentuado sofrimento ou prejuízo significativo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
O início dá-se antes dos 18 anos de idade.
A perturbação não se deve aos efeitos diretos de uma substância ou a uma condição médica geral.
Como o médico trata a Síndrome de Tourette?
Não existem tratamentos eficazes para todos os casos de tiques, mas alguns medicamentos e terapias podem ajudar, sintomaticamente. Na maior parte dos casos, não é necessária qualquer medicação. A educação é uma parte importante do tratamento e muitas vezes suficiente enquanto terapêutica.
Pode haver comorbidades como gagueira, transtorno de déficit de atenção, transtorno obsessivo compulsivo, entre outros, que causam maiores transtornos funcionais ao indivíduo do que os próprios tiques.
Dicas para sala de aula
Em alguns casos os cacoetes e ruídos podem atrapalhar a aula. É importante lembrar que eles ocorrem involuntariamente. Não haja com raiva! Isso pode exigir paciência de sua parte, mas repreender o aluno com a ST é como repreender uma criança com paralisia cerebral por ser desajeitada. A criança com a ST que é chamada atenção devido aos seus sintomas torna-se muitas vezes hostil em relação a autoridade e fica receosa em relação a escola. Além disso, você estará servindo de modelo para a reação das outras crianças da turma. Se o professor não for tolerante, os outros na sala sentirão liberdade para ridicularizar a criança com a ST. Os professores são modelos para os alunos. Portanto, uma atitude positiva e a aceitação dessas crianças são fundamentais para que elas se adaptem ao grupo.
Dê à criança oportunidades para pequenos intervalos fora da sala de aula. Um lugar reservado como a sala do médico ou da orientadora é adequado para dar vazão aos tiques. Alguns alunos com a ST querem, e conseguem suprimir seus tiques durante um curto tempo, porém há necessidade de descarregá-los devido a um aumento da tensão emocional. Um intervalo em um lugar reservado, a fim de relaxar e liberar os tiques, pode muitas vezes reduzir os sintomas na sala de aula. Estes pequenos intervalos podem aumentar a capacidade de concentração da criança, já que ela não estará usando toda a sua energia na supressão dos tiques.
Permita, se necessário, que o aluno com a ST faça provas em um local reservado, para que não haja gasto de energia emocional na contenção dos tiques.
Trabalhe com outros alunos da turma e da escola a fim de ajuda-los a entender os tiques e a reduzir as implicâncias e ridicularizações. (solicite o folheto “Marcos e Cacoetes” escrevendo para o endereço no final deste folheto).
Caso os cacoetes de uma criança se tornem muito incômodos, evite temporariamente que a criança se dirija em voz alta para a turma. O aluno poderia gravar exercícios orais de forma que ele pudesse ser avaliado sem o “stress” de ficar diante da turma.
Você deve ter em mente que o aluno com a ST está tão frustrado quanto você a respeito da natureza incômoda dos tiques. O professor se tornado um aliado desta criança, e ajudando-a a lidar com este distúrbio, juntamente com a família e outros profissionais, pode tornar a vida acadêmica da criança coma ST uma experiência enriquecedora.
Lidando com problemas de escrita
Uma percentagem significativa de crianças com a ST também possui problemas de integração viso-motora. Portanto, tarefas que exijam que esses alunos visualizem, processem e escrevam também prejudica a cópia do quadro negro ou de um livro, a execução de longas tarefas escritas e a apresentação de trabalhos escritos. Até mesmo crianças com a ST que não tenham problema algum para formar conceitos, podem ser incapazes de terminar um dever escrito por dificuldades viso-motores. Algumas vezes, pode parecer que o aluno é preguiçoso ou “enrolador”, mas, na verdade, o esforço para colocar a tarefa no papel é massacrante para esses alunos.
Há uma série de medidas que podem ajudar as crianças com dificuldades de escrita.
Modifique as tarefas escritas permitindo que:
A criança execute problemas alternados de uma página do livro de aritmética;
A criança apresenta os seus trabalhos oralmente;
Um familiar, ou outro adulto atue como uma “secretária” de modo que o aluno possa ditar suas idéias, para facilitar a formação de conceitos. É bom concentrar-se no que a criança aprendeu e não na quantidade de trabalho escrito produzido.
Já que o aluno com problemas viso-motores pode não conseguir escrever rapidamente e, portanto, deixar de anotar informações importantes, designe um colega de turma que utilize papel carbono para fazer cópias de anotações e de deveres de casa. Este colega deve ser um aluno confiável. Aja discretamente a fim de que a criança com a ST não se sinta ainda mais diferente.
Se a sua escola tem provas com sistema computadorizado de pontuação, permita que o aluno escreva na própria folha de prova. Este medida evita notas baixas causadas pela confusão visual que pode ocorrer quando do preenchimento do cartão de respostas.
De sempre que possível, tanto tempo quanto necessário para a execução de provas. Mais uma vez, avalie a necessidade de dar provas em outra sala, no sentido de evitar problemas como, por exemplo, distração para o resto da turma.
Aluno com problemas viso-motores geralmente apresentam erros de ortografia. Não considere os erros de ortografia e encoraje o aluno a reler o texto produzido.
Avalie a caligrafia baseando-se no esforço do aluno
Alunos com a ST apresentam dificuldades especiais para a execução de exercícios escritos de matemática. Eles podem ser auxiliados pelo uso de papel milimetrado com quadros grandes, ou com papel pautado comum, colocado de lado, a fim de formar colunas para o cálculo. O professor também pode permitir o uso de calculadoras para cálculos simples.
Estas medidas podem representar a diferença entre um aluno motivado, bem sucedido e um aluno que se sente um fracasso o que começará a evitar as tarefas escolares por nunca conseguir bons resultados.
Lidando com problemas de linguagem - Gerais e relacionados à Síndrome de Tourette
Algumas crianças com a ST têm sintomas que afetam a linguagem. Há dois tipos de problemas: os que são comuns a outras crianças e aqueles especificamente associados, aos tiques da ST.
As seguintes medidas pode ser úteis ao lidar com problemas de processamento de linguagem relacionados a dificuldades gerais de aprendizagem.
Forneça tanto informação visual quanto auditiva sempre que possível. O aluno poderia receber informações escritas e orais, ou uma cópia do roteiro de aula enquanto ouve as instruções. Gráficos e gravuras que ilustrem o texto também ajudam bastante.
De instruções em uma ou duas etapas de cada vez. Quando possível, peça ao aluno para repetir as instruções para você. Em seguida faça com que o aluno complete um ou dois itens e verifique se ele os fez adequadamente.
Se você perceber o aluno resmungando enquanto trabalha, sugira a ele que sente em um lugar onde não incomodará os outros. Algumas vezes a repetição de instruções ou informações em voz baixa ajuda estes alunos a entenderem e lembrarem a tarefa, bem como a organizarem o raciocínio.
Entre os problemas de linguagem característicos da criança com a ST encontra-se a repetição de suas próprias palavras ou de outra pessoa. Estes sintomas pode parecer gagueira, mas na verdade há omissão de palavras ou expressões. Outros alunos podem se aproveitar deste problema, sussurrando ou dizendo coisas inapropriadas de forma que a criança com a ST involuntariamente as repita e “entre numa fria”.
Você deve estar atento a este problema:
Faça com que o aluno tenha um pequeno intervalo ou mude para outra tarefa.
De a criança um cartão com uma “janela” cortada que deixe ver uma só palavra de cada vez. O aluno desliza a janela pela linha que está lendo de modo que a palavra anterior é coberta e as chances de ficar “preso” a uma palavra diminuam.
Faça com que o aluno use lápis ou caneta sem borracha e permita que o aluno complete o exercício oralmente.
A sua capacidade em ser flexível, como educador, por fazer toda a diferença do mundo.
Lidando com problemas de atenção
Além das dificuldades de aprendizagem, muitas crianças com a ST possuem graus variáveis do Distúrbio Deficitário de Atenção com Hiperatividade. Como mencionamos anteriormente, o tratamento médico deste problema em crianças com a ST é complicado.
As sugestões que se seguem podem ser úteis ao aluno com a ST e Problemas de Atenção.
Coloque a criança sentada na primeira fileira, em frente ao professor, com o intuito de minimizar a distração causada pelas outras crianças.
Evite colocar a criança sentada perto de janelas, portas ou outras fontes de distração.
De ao aluno a possibilidade de um lugar calmo para estudar. Pode ser no corredor ou na biblioteca. Este lugar não deve ser usado como punição, mas sim como um lugar onde a criança possa se dirigir quando estiver com dificuldades de concentração.
O aluno deve trabalhar intensamente durante curtos períodos de tempo, com intervalos para ajudar o professor em alguma atividade ou simplesmente ficar em seu assento. Mude as tarefas com freqüência. Por exemplo, passe alguns problemas de matemática, depois muda para caligrafia, etc...
Combine a execução de tarefas com antecedência. Um número específico de problemas deve ser resolvido dentro de um tempo pré-determinado. Seja realista. Alunos com problemas de atenção não podem fazer duas ou mais atividades independentes ao mesmo tempo. Exercícios curtos com verificações freqüentes são mais eficientes.
Com uma criança mais jovem, uma atitude simples, como colocar a sua mão no ombro dela, pode ser útil como um lembrete para manter a atenção no que está sendo dito.
Referências:
https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1275338/sindrome+de+tourette+como+ela+e.htm
PortalAcessibilidade- http://www.portaldeacessibilidade.rs.gov.br/servicos/27/1677